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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Poema de natal

Alecrim
Marianne Moore

A Beleza e o filho da Beleza e o alecrim -
para flar claro, Vênus e Amor, seu filho -,
supostamente do mar nativos,
cada qual no Natal, em conv´vio,
engrinalda festão festivo.
         Nem sempre alecrim-

desde a fuga para o Egito, é diferente o viço.
De folha lanciforme, verde mas argentina
por baixo, as flores - brancas no início -
são hoje azuis. Não é  tão lendária
esta erva da memória, que imita o
            manto azul de Maria,

a ponto de florescer como símbolo ou pique.
Medrando em pedras junto ao mar, de Cristo aos trinta
e três a estatura - de rocio
se nutre e como a abelha fla a "língua
do silêncio"; é na verdade um tipo
            de árvore de Natal.

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

página de poesia poetas no singular

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leitura como 'regalo'.

ouço agora la cumparsita. terça feira. acordei tarde. dia de chuva.9:31. ouço la cumparsita porque leio enquanto ouço (o correto seria dizer que ouço enquanto leio, já que primeiro iniciei a leitura). muito bem, primeiro era a letra e a letra é a música, enfim, o que lia era uma narrativa do livro El Hacedor, livro de Jorge Luis Borges. o dialógo era entre borges e um tal macedônio.
O tal macedonio foi um escritor que frequentava a casa de J.L.Borges pois era amigo de seu pai. Borges escreve em algum lugar que macedonio era um nato narrador e que sua figura lhe instigava a imaginação. macedonio escreveu muito, mas nunca se preocupou com a publicação dos textos e muito vem sendo publicado pela editora corregidor da argentina.


o regalo foi enviado por um outro moreira. como borges conversa com outro borges, eu converso com um outro moreira. seria mais verdadeiro que borges, se dissesse que este moreira com quem converso é mesmo outra pessoa? vamos ao texto.

DIÁLOGO SOBRE UN DIÁLOGO
A. —Distraídos en razonar la inmortalidad, habíamos dejado que anocheciera sin encender la lámpara. No nos veíamos las caras. Con una indiferencia y una dulzura más convincentes que el fervor, la voz de Macedonio Fernández repetía que el alma es inmortal. Me aseguraba que la muerte del cuerpo es del todo insignificante y que morirse tiene que ser el hecho más nulo que puede sucederle a un hombre. Yo jugaba con la navaja de Macedonio; la abría y la cerraba. Un acordeón vecino despachaba infinitamente la Cumparsita, esa pamplina consternada que les gusta a muchas personas, porque les mintieron que es vieja... Yo le propuse a Macedonio que nos suicidáramos, para discutir sin estorbo.
Z (burlón). —Pero sospecho que al final no se resolvieron.
A (ya en plena mística). —Francamente no recuerdo si esa noche nos suicidamos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Só a literatura salva!! a leitura entre bailes e horários

dizer que a leitura leva o sujeito a outros espaços échover no molhado. a experiência da leitura, pode muitas vezes salvar o sujeito de um complicado ato de adequação às conveções para um baile de formatura por exemplo. complicado é bom lembrar, possui em seu campo semântico, a palavra fancesa (pli) que significa dobra , digo isso pois o enrosco de ir a um baile de formatura, pode ser simplesmente dobrar a gravata para que o traje esteja de acordo com o solicitado no convite. precisava ir ao baile e dizendo como o mais fiel dos humanos, só a literatura salva!!!
precisava resolver a falta de prática para dar o nó na gravata dez minutos antes do início do baile. baile em que eu deveria acompanhar minha afilhada. ainda estava em casa e lembre de um livro que lí dois antos antes chamado Ciências Morais, do argentino Martin Kohan.

hora da digressão

em 2008 estava indo para a usp num ônibus mas antes passara num hotel para ver se uma professsrora que conheci em rosário um ano antes, havia trazido uns libros que pedi (macedônio fernandez, arturo carrera e cesar aira), no balcão do hotal estava um sujeito de aprox. 1.68 mts deixando o cartão e perguntando como faria pra chegar atéa usp. com o parco espanhol que tenho, me aproximei e disse que iria para o campus onde estava ocorrendo o congresso da ABRALIC (associação brasileira de literatura comparada) dentro do onibus descobri que osujeito era martin kohan (que até então não tinha lido) e que iria para uma conferência e lançamento do livro Ciências Morais (cia das letras:2008).

fim da digressão

mas em que um livro destes poderia ajudar dez minutos antes do baile iniciar? não o leria novamente e lembrei que se tratava de uma narrativa situada no tradicional Colegio Nacional de Buenos Aires. a protagonista chama-se Maria Teresa e era a nova inspetora diciplinar do colégio. Maria Teresa precisava investigar uma suspeita de que alguns alunos estariam fuamando dentro do colégio. para tanto, Maria precisou ultrapassar seus prórprios preconceitos e com isso ala própria submeteu-se a experiências extravagantes. experiências que provaria na própria carne, experimetou os dispositivos da lei e do poder da linguagem, das conveções estudantis e patriarcais e da soberania de seu chefe o Sr. Biasuto. 
vale lembrar que este colégio foi o cenário de outro livro importante para a formação de praticamente todos os alunos quepassaram por este Colégio Nacional. trata-se do livro do uruguaio Miguel Cané, Juvenília (1884), narrtaiva de um jovem orfão de pai que se interna neste colégio no período em que Bartolomé Mitre governava a Argentina, período da guerra da tríplice aliança, na qual lutou outro artista chamado Candido Lopez, pintor que perdera a mão durante a guerra contra o paraguai.

todos estes livros e mais o O Ateneo de Raúl Pompeia relatam um período importante na vida tanto dos narradores, jovens que estão dentro de uma instituição e da instituição mesma dentro de sua nação. ainda voltarei aqui para escrever sobre isso.

mas retornando ao baile e ao padrinho atrasado salvo pela literatura.
sem mais digressões, a edição brasileira de Ciências Morais, traz na capa uma orientação de como fazer um nó em gravatas. é um passo a passo do nó simples, mas serviu para lembrar que para o nó duplo basta mais uma volta e um pouco de coordenação motora. só a literatura salva!!

vai de brinde a capa, mas reforço que a leitura  deste livro é uma aventura dentro de um colégio e dentro das leis que tangenciam os corpos vigiados e punidos.

poema de cristiano moreira

aqui neste sitio de poesia

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Festival de Música de Navegantes

estão abertas as inscrições para o 2º festival de música de navegantes.
o festival foi criado para oportunizar o aprecimento e o contato entre os músicos da cidade para que aos poucos
se crie uma cena musical ou, se preferirem, para que se possa pensar mais ações para o setor da música. creio eu que estes é um objetivo que não está escrito, mas é importante pensar que se não houver um número de músicos produzindo, aparecendo, dificilmente se pensará em politicas públicas para música. falo isso de cadeira, pois políticas para o o livro, leitura e literatura praticamente não existem. causa disso é o número de interessados pelo assunto. não existe cena literária em navegantes. o projeto que inscrevi e que foi aprovado n alei de incnetivo, visa a formação de leitores. formando leitores poderemos pensar em ler escritores da cidade. a dificuldade está em encontrar uma empresa que aposte na ideia.

em todo caso aproveitem a oportunidade de fazer música e concorrer a premios em dinheiro.
para informações ligue ou vá até a fundação cultural de navegantes - 47- 3342-3586.
Marc Chagal - O violinista verde 1923-1924

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A garrafa ágrafa




a garrafa ágrafa

poeira da escritura

porosidade da língua

a garrafa ágrafa

palavra            pintura             piano

silêncio
estrelas

a garrafa ágrafa

a mão espalmada
um lance de dados
um giro de facas
um olhar

a garrafa ágrafa

corpo mundo
            =
habitação
=
espaço

a garrafa ágrafa

texto = texto
texto
texto = texto

 
a garrafa ágrafa

o eixo do vazio =

o branco entre-palavras

(nada =...)

a garrafa ágrafa

a imagem de tudo
um furo
=
conteúdo    =
sobrenatureza

Notas sobre Educação

ontem a rede globo exibiu um programa sobre os problemas enfrentados pelos professores em escolas de santa catrarina, são paulo e rio de janeiro. o detonador da história foi a agressão sofrida pela diretora da escola de educação básica gov. celso ramos, atacada com ovos e pedras. não estamos no irã, mas a professora foi apedrejada. o programa da globo mostrou professores acuados, traumatizados e cansados.
me chamou a atençao a declaração de um aluno da eeb. gov. celso ramos, ao responder para o reporter o motivo de sua inquietação e da 'bagunça'  nas aulas. disse o joven " não sei o que acontece dá um negócio em mim e não consigo ficar parado". dá um negócio, diz ele.
a reportagem, e para quem conhece salas de aula e algumas situações das escolas sabe disso, mostrou escolas sem condição de trabalho. ventiladores quebrados, televisores sem funcionamento, professores desmotivados. há situações em que após dias de chuva, escolas ficam em situação de risco e tem que ser interditadas. há um grande descaso. se o estado não se preocupa com os alunos não como desejar que estes devolvam outra moeda para o estado. o problema é que no front estão os professores. no caso do colégio dom jaime em palhoça, há um interesse obnublado (como diria o critico literário araripe jr.) que é o de transformar a área do colégio em loteamento. a situação é complicada pois o espaço tem fundamental funçaão dentro da comunidade onde o idh é insatisfatório. não adianta cria o instituto do crack, tem que peagr esta grana e investir na educação, fazer como os orientais.
uma das professoras declarou que certos colegas não conhecem a comunidade em que trabalham e se tem medo, se ignoram a situação dos alunos, estes professores automaticamente se colocam em uma situação de marginais à propria comunidade onde trabalham e os alunos os tratam como marginais, ou seja, os professores tornam-se banidos do grupo para o qual são pagos para ensinar. o estado precisa rever a carga horária e salários dos professores, precisa aparelhar melhor as escolas, sim. por outro lado os professores precisam encarar a educação como um trabalho sério e de constante pesquisa para não ficar preso ao livro didático, ao conteúdo obrigatório. li certa vez um frase de Michel de Montaigne que dizia que mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça bem cheia, ou seja, o espaço da sala de aula deve ser um espaço de troca simbólica e não de autoridade. talvez seja um dos desfios de todo o professor, trapacear como disse o escritor e professor francês roland barthes em sua aula inaugural no colégio de france
(1977), trapacear a linguagem pois esta é sempre um dispositivo de poder. para aprender esta trapaça, deve-se manter contato com a literatura, deve-se entender que a leitura, assim como uma aula ,deve ser um convite ao jogo, um convite para subverter o status de poder de todo discurso, pois para todo discurso é necessário primeiro sujeitar-se à linguagem, precisamos ser sujeitos do enunciado. se os jovens sentem a necessidade de subversão, de revolucionar algo, o professor deve encantá-los, e mostrar que o espaço para alguma revolução é a sala de aula, onde não é necessário o capital pecuniário, onde o capital é o simbólico, mas para isso deve sentir paixão (pathos). o que muitas vezes encontram os alunos, são professores apáticos (a-pathos) sem paixão. apesar do toda a dificuldade e desvalorização por parte do estado, o professore deve manter o brio e ensinar, mostrar que vale à pena ler, aprender.
O astrólogo -Jan Vermeer

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

fragmentos sobre a cultura II

estava fazendo a leitura matinal hoje cedo quando a casa foi invadida pelo som que anuncia a entrada do navio no canal do rio itajaí. como de costume, e de acordo com as regra de navegação, o navio emitiu um som longo de apito. peguei a maquina fotográfica e fui registrar a imagem que emitia aquele som já familiar mas que para mim sempre é uma forma de lembrar que estou às margens do oceano atlântico, na foz de um rio importante. são os sons de minha aldeia como dira talvez o fernando pessoa. o som do navio serve também para lembrar que estamos numa das regiões fornteiriças e que isto é um traço cultural da modernidade, assim como a passagem deste navio aqui tão perto é um traço inexorável do capitalismo transnacional que carrega em seu bojo diversas nacionalidades e riquezas transportadas às custas de muito trabalho, alguma exeploração e em nome de grandes conglomerados financeiros que ocupam nossas margens e carregam silenciosamente nossa riqueza. lembrei, então, de uma parte do livro O Local da Cultura (UFMG: 2007) do Inglês Hommi K. Bhabha, na qual é citado o trabalho do americano Allan Sekula chamado Fish Story. neste trabalho o fotórografo regsitrou imagens de sete grandes portos pelo mundo. Bhabha chama atenção para a metáfora naval que o fotógrafo utiliza para apresentar este trânsito das culturas do mundo globalizado e containerizado. acredito que cai como uma luva para nosso cotidiano entre dois portos.

"As coisas estão mais confusas agora. Um disco arranhado berra o hino nacional norueguês por um alto falante da Casa do Marineiro, no penhasco acima do canal. O navio-container, ao ser saudado, desfralda uma bandeira de conveniência dasBahamas. Ele foi construído pr coreanos que trabalham por longas horas nos estaleiros gigantes de Ulsan.  A tripulação mal paga e insuficiente poderia se salvadorenha ou filipina. Apenas o capitão ouve uma melodia familiar." ( Allan Sekula in Fish Story). 


Navio fotografado da margem de navegantes (estibordo para os marinheiros)


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

algum tipo de vôo.

solto na cidade  um homem descalço
parecido com um papagaio sem barbante
deita ao lado do braço do rio e dorme
procura no sonho a cítara ou silvo
que ensina ao rio ser sinuoso
quer aprender como dançar
em uma cidade cuja música ouve ao longe
na linha que segura o mar como uma pipa.
o homem descalço assina com o dedão do pé
a sua sina de escarro, de ser informe
que existe em outra margem da dança
noutra imagem do sitio em que se encontra
tal pandorga  pândega sem rabiola
corpo contingente onde venta o rio em movimento.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Longa entrevista concedida por Paulo Leminski - 1982

Entrevista gravada por Aramis Millarch em 1982. a autor do catatau num catatau de imagens-pensamento

ele deixa o entgrevistador um tanto louco tentando alinhar o pensamento edusivo do poeta.

basta clicar aqui

ps. cheguei aqui através do blog do ricardo aleixo


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Algo sobre as políticas para a cultura em navegantes

preciso utilizar este espaço para informar algo sobre os avanços das políticas públicas do ministério da cultura e da situação da cidade de navegantes diante deste quadro.

nesta quinta dia 02 o ministro juca ferreira foi à tv para anunciar alguns passos sobre as poíticas de seu ministério.

dois acontecimentos importantes marcaram a semana, a assinatura do plano nacional de cultura (pnc) e a medida que inviabiliza recursos para os municípios que não realizarem ações em prol da leitura.
a portaria assinada pelo ministro suspende o repasse de recursos para os municípios que não desenvolverem ações ou não tiverem no mínimo uma biblioteca pública. o minc  investiu mais de 20 milhões em equipamentos e editais para implantação e melhorias em bibliotecas. navegantes não se enquadrou no edital por possuir uma população maior do que a solicitada pelo edital.

como estamos em navegantes?

navegantes possui a bilioteca pública cruz e souza, fundada na década de 70 e localizada na av. joão sacavaém na esuquina do beco do zicão. hoje está anexada à fundação culturall e está em funcionamento  com um bom acervo. conta com a ABIM (associação amigos da bilioteca municipal) constituida em 2009. a cidade conta também com uma a sala de leitura Vicente Cechelero, situada na sede do instituto caracol na joão sacavém 160.

outra notícia importante foi a assinatura do plano nacional de cultura.

navegantes possui um sistema municipal praticamente constituido.
realizou as conferências de cultura, constituiu e ativou o conselho de cultura, fez funcionar pela primeira vez a lei de incentivo à cultura, oraganizou fóruns, cursos de artes; assinamos o acordo de cooperação federativa  (veja aqui a lista) , temos a lei de tombamento patrimonial apra preservar a memória da cidade e estamos escrevendo o plano municipal de cultura. em fevereiro fui à brasília como delegado estadual do setor do livro, leitura e literatura e faço parte como suplente do colegiado nacional do livro, leitrura e literatura. estamos muito bem equipados com as estruturas políticas e com as ações solicitadas pelo minc, cumpridas. estamos prontos para receber verba do fundo nacional de cultura, e de outros recursos que forem disponibilizados.O que falta para a cidade são equipamentos culturais ou seja, espaços para apresentações e eventos. em reunião na ocasião do acordo de cooperação federativa assinado este ano o prefeito roberto carlos de sousa assumiu o compromisso de reformar o pavilhão de eventos que fica ao lado do ginasio de esportes para transformá-lo em um centro cultural. diria ainda que precisamos de espaços alternativos ao menos em um dos bairros para podermos produzir mais fora do centro. quero publicamente parabenizar o trabalho realizado pelo superintendente da fundação cultural marcos montagna, pelos esforços no sentido para implantar o sistema municipal de cultura e a lei de incentivo, um dispositivo importante para os artistas.

navegantes e itajaí são as únicas cidades da anfri que estão com o dever de casa cumprido de forma exemplar.

precisamos sempre que a classe artística mantenha-se informada e que os empresários recebam os proponentes dos 17 projetos aprovaods pela lei de incentivo. é um avanço nas políticas públicas municipais para a cultura. estamos no caminho.

eis os requisitos par ao sistema de cultura (os itens grifados foram implantados em navegantes)




 



A respeito do Wikileaks

Para quem ainda não teve acesso às informações sobre o vazamento dos documentos confidenciais publicadas pelo site Wikileaks ( 250 mil documentos) que colocou os EUA em alerta e detonou uma possível  nova caça ao terrorismo diplomático atiçada por Hilary Clinton e pela mulher de oposição ao governo Obama, Sarah Palin
que chamou o pessoal da casa branca de incompetentes. Sugiro que visitem o biscoito fino e a massa do Professor Idelber Avelar que trabalha na Tulane University.

Francis Ford Coppola no Jô Soares -uma lástima

Jô Soares é um blefador. Manter um programa diário de entrevistas pode ser uma tarefa árdua, depende muito da produção do talk show. Tudo bem. Agora, quando o apresentador vai  receber nada mais nada menos que Francis Ford Coppola, deveria se preparar minimamante. Não vi a entrevista ontem, mas ao visitar hoje o blog da Lola, fui ver no you tube e fiquei envergonhado a ponto de quase desisitir de ir ao fim. O Jô cometeu em 14 minutos, umas oito gafes das brabas!! Se prestarem atenção, antes de iniciar a entrevista, sua cara já era de desconforto e insegurança, como quem está pensando "e agora o que vou dizer pra este sujeito". Bem, para ver mais visitem o blog da Lola e leiam seus comentários certeiros.

pantomima de quíron

para Omar Azevedo

o sagitário avança na direção do sol
outra vez e passa
o mímico em sua pantomima
meio homem-equestre
camaleônico
o sagitário segue para o mar
que o sal em sua pele
tantas vezes pintada dance
em seu corpo  desdobrável
outra rota zoodiacal
o sol aguarda atrás do horizonte a chegada
de quíron para outra consulta sobre sonhos
dizia ao escorpião em um tempo anatanho
que queria o texto que só tivesse boca
um texto que fosse além do ponto
aquele em que se fica mudo
para ouvir o que realmente o mundo
cantaria em sua boca
o sagitário avança em direção ao sol
e passa
mímico em pantomima
meio iara meio saci
imitando o mar.

Quíron e Aquiles - Gustave Moreau, 1859. 123X127 cm.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Josefina Ludmer

"La imaginación pública sería un trabajo social, anónimo y colectivo de construcción de realidad. Todos somos capaces de imaginar, todos somos creadores” Aquí América Latina josefina Ludmer (Eterna Cadencia, 2010)

Os gatos e as coisas


Se pensarmos na crônica e quisermos fazer coro com os adeptos das etiquetas, das estalagens que recebem ou às quais se destinam os tipos de escrituras, temos que flexionar os joelhos e orar ao tempo.  Para quem ainda fica preso a necessidade de  respostas sobre que tipo de texto estão lendo, sugiro uma crônica (entre tantas outras esquecidas nas paredes invisíveis da cárcere da ideia tempo) na qual figura um felino.  Felinos perambulam a literatura desde muito. Baudelaire lembra que os chineses viam as horas nos olhos dos gatos, Borges  deixa um tigre passeando em suas páginas.
Apareceu outro gato nas páginas de um escritor crônico e cronista. Digo crônico, pois este cronista escreve poesia e livros infanto juvenis. Aliás, eis outro problema crônico, classificar. A este respeito, o mesmo Jorge Luis Borges escreve ‘El idioma analitico de John Wilkins’ que está em Otras Inquisiciones, livro publicado em 1952. Neste texto que se torna mote para Michel Foucault escrever As palavras e as coisas (1966), Borges escreve a respeito do entendimento humano sobre o universo e das maneiras de classificação e da arbitrariedade da linguagem. Neste texto Borges relata que no idioma análogo de Letellier (1850) a, que dizer animal e aboj, felino e aboje, gato. Tanto Borges quanto Foucault tratam de uma arqueologia do discurso humano.
O que lemos então em Crônicas de gatos, (Design Editora, 2010) de Rubens da Cunha e ilustrado por Regina Marcis é uma narrativa sobre a saudade, aprendizado e transitoriedade. Um texto em que um sujeito rememora a passagem de um gato por seu universo. Um gato leitor que escolheu a estante de livros para dormir e que lia com seu dono. Um gato que desperta o sujeito e o faz crescer, “quando esse gato chegou, resolvi crescer junto com ele”.
 O gato permanece durante um ano dividindo experiências de leitura com seu dono, depois desaparece. Crônica de gatos pode ser lido também como uma narrativa da infância, na medida em que este sujeito sem fala antes da chegada do gato, torna-se livro para o gato que aparece depois do sumiço do outro. Esse último gato lia pessoas e não livros como o gato anterior, lia seu dono que passou a ser a biblioteca de um gato. A existência do sujeito dessa maneira vincula-se a existência dos gatos ora como leitor, ora como livro para ser lido. Crônica de gatos é uma crônica para gatos, jovens e adultos.